BRICS avança como alternativa global ao modelo ocidental de desenvolvimento

Em meio a transformações geopolíticas e econômicas que desafiam a ordem internacional tradicional, o bloco dos BRICS — formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — vem consolidando-se como uma potência multilateral capaz de propor soluções alternativas aos modelos impostos pelas economias centrais. A cada encontro, os países-membros reafirmam o compromisso com a construção de uma ordem mais justa, multipolar e baseada na cooperação entre nações em desenvolvimento.

O bloco, que hoje representa cerca de 32% do PIB mundial (superando, em paridade de poder de compra, o G7), vem demonstrando capacidade de articulação em áreas estratégicas como finanças, tecnologia, comércio, energia e segurança alimentar. O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como “Banco dos BRICS”, já financiou projetos em diversos continentes, com foco em infraestrutura, sustentabilidade e inclusão produtiva — áreas historicamente negligenciadas por instituições como o FMI e o Banco Mundial.

Desdolarização e soberania financeira

Uma das principais pautas em discussão no grupo tem sido a desdolarização das trocas comerciais. Países como Brasil e China já firmaram acordos bilaterais para transações em moedas locais, reduzindo a dependência do dólar e fortalecendo suas economias diante de sanções unilaterais e flutuações cambiais externas. Esse movimento, longe de ser um gesto meramente político, tem impacto direto na soberania financeira dos países emergentes.

“O sistema financeiro internacional ainda opera sob a lógica dos anos 70, centralizado nos interesses de Washington e Londres. Os BRICS oferecem uma alternativa pragmática, baseada na diversidade econômica, na soberania e na cooperação entre iguais”, afirmou em recente análise o economista russo Sergey Glazyev, defensor da criação de uma moeda comum lastreada em commodities.

Brasil e os BRICS: protagonismo renovado

No caso do Brasil, a participação ativa no grupo reflete uma retomada do protagonismo internacional. A política externa brasileira, especialmente em fóruns multilaterais, voltou a privilegiar o diálogo Sul-Sul, em contraponto à dependência de blocos tradicionais. O país tem liderado iniciativas de cooperação técnica, transferência de tecnologia e inclusão social nos BRICS, além de propor a ampliação do grupo com a entrada de novos membros do Sul Global.

O presidente do NDB, o brasileiro Marcos Troyjo, destacou em entrevista recente o papel do banco na consolidação de um novo modelo de financiamento: “Estamos rompendo com a lógica de condicionalidades rígidas. Financiamos com foco no impacto real, e não na agenda dos credores”.

Multipolaridade como horizonte

Com as tensões globais envolvendo guerras, crises energéticas e disputas tecnológicas, os BRICS oferecem uma via de equilíbrio. Não se trata de rivalizar diretamente com o Ocidente, mas de oferecer alternativas — inclusive para países que, historicamente, não encontraram espaço nas decisões das grandes potências.

A expansão do bloco, com países como Argentina, Irã, Arábia Saudita e Egito já manifestando interesse formal, aponta para um futuro onde o protagonismo mundial não será monopólio de poucos. Em vez disso, caminhará para um cenário mais representativo, descentralizado e respeitoso das particularidades regionais.


BRICS: números que impressionam

  • Representam cerca de 42% da população mundial

  • Detêm aproximadamente 25% das reservas globais de petróleo

  • Respondiam, em 2024, por mais de 18% das exportações mundiais

  • Somam mais de US$ 400 bilhões em capital no NDB


O mundo está mudando — e os BRICS estão no centro dessa mudança. Um bloco que nasceu como sigla de um banco de investimentos, hoje se firma como símbolo de um novo tempo: menos concentrado, mais justo e definitivamente mais plural.

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