Espírito Santo completa junho sem feminicídios e consolida queda de 33% nos casos em 2025

O mês de junho terminou com um dado inédito e alentador no Espírito Santo: nenhum feminicídio foi registrado em todo o território estadual. De acordo com a Gerência do Observatório de Segurança Pública (Geosp), da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), o Estado soma, neste 1º de julho, 32 dias consecutivos sem assassinatos de mulheres motivados por gênero.

O resultado representa um marco histórico e reforça a efetividade das políticas públicas de enfrentamento à violência contra a mulher. No acumulado do primeiro semestre de 2025, foram registrados 14 feminicídios, uma redução de 33,3% em comparação com o mesmo período de 2024, quando houve 21 ocorrências.

Para o secretário da Segurança Pública, Leonardo Damasceno, a conquista é fruto de um trabalho integrado, que vai além do policiamento ostensivo: “Combater a cultura machista que ainda permeia muitas relações e garantir a presença ativa do Estado na proteção da mulher tem sido nosso foco. Fechar um mês sem feminicídios no Espírito Santo é uma marca simbólica, que nos estimula a seguir avançando.”

O último caso registrado no Estado foi em 29 de maio, em Viana. A vítima, de 28 anos, foi assassinada a facadas pelo ex-companheiro, de 25 anos, na presença do filho do casal. O crime chocou pela brutalidade e reforçou a urgência da atuação preventiva.

Segundo levantamento da Geosp, os agressores são, em sua maioria, ex-companheiros (41%), namorados (33%) ou companheiros (25%). Em quase metade dos casos foi utilizada arma branca, o que evidencia a necessidade de ações preventivas ainda mais incisivas nos ciclos de violência doméstica.

Rede de proteção fortalecida

A secretária de Estado das Mulheres, Jacqueline Moraes, também celebrou o resultado e destacou o papel do programa Mulher Viva +, que integra o Programa Estado Presente em Defesa da Vida. “Nosso trabalho é ir até onde as mulheres estão, acolher, orientar, articular a rede. E isso só funciona quando o poder público caminha junto com a sociedade civil. Cada vida preservada é uma vitória coletiva”, afirmou.

A atuação do Estado envolve uma série de ações estruturadas e contínuas:

  • Salas Marias: espaços humanizados dentro das Delegacias Regionais, que oferecem atendimento acolhedor às vítimas.

  • Projeto “Homem que é Homem”: grupos reflexivos voltados à reeducação de agressores. A reincidência entre os participantes é inferior a 1%.

  • Centros Margaridas: unidades especializadas no atendimento psicossocial e jurídico às mulheres em situação de violência, presentes em dez municípios estratégicos.

  • Patrulha Maria da Penha: visitas periódicas da Polícia Militar às mulheres com medidas protetivas, garantindo vigilância e sensação de segurança.

  • DEAM Itinerante: delegacia móvel que percorre regiões sem estrutura especializada, levando informação, acolhimento e registro de ocorrências.

  • Força-tarefa nas DEAMs: aumento de efetivo e celeridade na apuração de denúncias, com reforço de delegadas nas unidades da Grande Vitória.

  • Capacitação contínua: policiais e servidores recebem formação específica para atuar com empatia, escuta ativa e respeito às vítimas. Uma nova turma será capacitada em agosto com apoio da Senasp.

Institucionalização do combate à violência de gênero

Desde 2023, o Espírito Santo conta com a Secretaria Estadual das Mulheres (SESM), que tem atuado como eixo articulador das políticas públicas voltadas à equidade de gênero. A SESM desenvolve hoje 18 projetos que dialogam com diversas pastas e promovem ações transversais.

O principal deles é o Programa Mulher Viva +, que atua na prevenção da violência e na construção de uma cultura de respeito, com foco especial em territórios de maior vulnerabilidade social.

A gerente de Proteção à Mulher da Sesp, delegada Michele Meira, reforça que o enfrentamento ao feminicídio exige mais que repressão: “É preciso integrar forças, construir pontes com a sociedade e atuar antes que a violência escale para o extremo. O resultado de junho mostra que esse caminho está sendo trilhado.”

Apesar do avanço, as autoridades destacam que a luta continua. Denunciar é fundamental. Casos de violência contra a mulher podem ser comunicados de forma anônima pelos telefones 180 e 181.

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