Adeus a Pepe Mujica: o legado eterno de um presidente que viveu como pensava
José “Pepe” Mujica faleceu na última terça-feira, 13 de maio, aos 89 anos, em Montevidéu, após uma batalha contra um câncer de esôfago. A notícia foi confirmada pelo atual presidente do Uruguai, Yamandú Orsi, que lamentou a perda de um “presidente, militante, referência e líder”.
Mujica será lembrado como um dos líderes mais autênticos e inspiradores da América Latina. Sua trajetória, marcada pela coerência entre discurso e prática, transformou-o em símbolo de simplicidade e integridade no cenário político mundial.
Da guerrilha à presidência
Nascido em 1935, Mujica ingressou na política como membro do Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros, um grupo guerrilheiro de esquerda que combateu a ditadura uruguaia nas décadas de 1960 e 1970. Durante esse período, foi preso por 14 anos, muitos deles em confinamento solitário, enfrentando torturas e condições desumanas.
Após a redemocratização, Mujica integrou a Frente Ampla, sendo eleito deputado, senador e, posteriormente, ministro da Agricultura. Em 2010, assumiu a presidência do Uruguai, cargo que ocupou até 2015.
Um presidente singular
Durante seu mandato, Mujica implementou reformas progressistas, como a legalização do aborto, do casamento entre pessoas do mesmo sexo e da maconha. No entanto, foi seu estilo de vida modesto que mais chamou a atenção mundial. Recusou-se a morar no palácio presidencial, optando por sua chácara nos arredores de Montevidéu, dirigia um fusca azul e doava a maior parte de seu salário para causas sociais.
Sua autenticidade e humildade renderam-lhe o apelido de “o presidente mais pobre do mundo”, mas, para muitos, ele foi o mais rico em valores humanos.
Legado e reconhecimento
Mujica foi reconhecido internacionalmente por sua contribuição à política e à sociedade. Recebeu diversas homenagens, incluindo a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, concedida pelo governo brasileiro em 2024. Além disso, foi tema do documentário “El Pepe, Uma Vida Suprema”, dirigido por Emir Kusturica, que retrata sua vida e filosofia.
Reflexões finais
Em uma de suas últimas entrevistas, Mujica afirmou: “Me dediquei a mudar o mundo e não mudei nada, mas me diverti. E gerei muitos amigos e muitos aliados nessa loucura de mudar o mundo para melhorá-lo. E dei sentido à minha vida.”
Pepe Mujica partiu, mas deixa um legado de esperança, coerência e amor ao próximo. Seu exemplo continuará a inspirar gerações que buscam uma política mais humana e comprometida com o bem comum.
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