Mulheres na ciência: longo caminho até a igualdade Apesar de a participação feminina na ciência ter crescido nos últimos anos, mulheres ainda enfrentam desafios para ter espaço em áreas como ciências exatas
“Desde pequena já havia um certo encanto. Eu sempre gostei muito de ler e pesquisar sobre assuntos que envolvessem áreas da ciência.” O relato é de Bruna Pereira Capeleti, 20 anos. Atualmente ela está no último ano da graduação em enfermagem.
Bruna lembra com carinho do ensino médio, período no qual passou a ter biologia na grade de disciplinas e parou para pensar na carreira que gostaria de ter. “A partir dali o interesse foi crescendo, e eu percebi que era dentro da ciência que eu queria estar.”
Uma figura importante nessa fase foi a professora Camila Reis, que desenvolveu ao longo do seu doutorado no Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) uma experiência de popularização da ciência em escolas. Com o projeto ela não só conquistou o IV Prêmio Educação em Ciências – promovido pela Comissão de Ensino da Federação das Sociedades de Biologia Experimental (FesBE), com o apoio do Instituto Questão de Ciência (IQC) -, como também marcou a vida de Bruna.
“O projeto foi muito bom, principalmente para mim, que já me enxergava dentro da ciência. Foi um grande incentivo a seguir o que eu queria”, lembra a estudante de enfermagem.
Camila conta que a maioria dos seus alunos são de classes economicamente desfavorecidas e que nunca tiveram um contato direto com a universidade ou familiaridade com pesquisas que são desenvolvidas nos prédios acadêmicos.
“Fizemos uma visita ao laboratório onde desenvolvi minha pesquisa. Lá, eles conheceram todo o espaço físico e tiveram a oportunidade de dialogar com outros estudantes de doutorado e mestrado. Ouviram os percalços narrados pelos pesquisadores durante a execução de seus trabalhos científicos, como, por exemplo, as inúmeras vezes que precisávamos repetir experimentos”, conta.
Camila sente que a ida à universidade foi importante porque ajudou na desconstrução da imagem do cientista como uma figura “caricata”, “nerd” e “inacessível”, mostrando que a ciência é um produto da construção humana, passível de erros e ajustes. “Muitos ficaram deslumbrados com o fato de usar um jaleco pela primeira vez e se sentiram verdadeiros cientistas. Foi um momento rico e de muitos aprendizados”, conclui a professora.

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