Quando o sistema prisional vira protagonista do cuidado: Prêmio Humaniza bate recorde de inscrições em 2025
Em tempos em que o cárcere costuma ser retratado como sinônimo de violência, abandono e esquecimento, é preciso parar e observar com atenção quando algo caminha na contramão — e com força. O Prêmio Humaniza, considerado o “óscar” do sistema prisional capixaba, acaba de bater um recorde histórico: 181 iniciativas inscritas no ciclo de 2025. Sim, cento e oitenta e uma ações voltadas à dignidade, à ética e ao cuidado dentro das muralhas.
O número, por si só, já seria expressivo. Mas o que ele grita aos ouvidos atentos é ainda mais potente: há um movimento consistente dentro das unidades prisionais do Espírito Santo que acredita na possibilidade de transformação. Na categoria Projeto Humanizador, por exemplo, foram 130 inscrições — sendo 22 apenas dos Centros de Detenção Provisória. Ou seja, mesmo nos espaços mais delicados do sistema, há gente criando pontes onde só se enxergavam muros.
A presidente da coordenação executiva do Prêmio, Maria Jovelina Debona, celebra o engajamento crescente, e com razão. Afinal, não se trata apenas de premiar boas ideias, mas de iluminar práticas que, em geral, passam despercebidas. É dentro desse universo invisibilizado que servidores públicos estão apostando em ações sustentáveis, educação, valorização do ser humano e resgate de vínculos — mesmo quando o resto da sociedade vira o rosto.
Mais que uma cerimônia de entrega (cuja preparação já está em curso), o Prêmio Humaniza é uma afirmação política. Um lembrete de que, por trás das grades, há servidores comprometidos com a ética, a inclusão e a reconstrução. Há projetos sendo tocados com criatividade e coragem. E há uma gestão que, ao menos neste aspecto, demonstra que é possível fazer política pública com alma.
A cereja do bolo? Os troféus e molduras desta edição serão confeccionados pelos próprios detentos, por meio dos projetos de marcenaria do sistema prisional capixaba. Ou seja, a premiação premia — e empodera. Ganha quem propõe, quem participa, quem acredita. Ganha o preso que aprende, o servidor que se orgulha, e a sociedade que colhe os frutos, mesmo que ainda não tenha percebido.
Que a história registre: em 2025, o Espírito Santo mostrou que humanizar o sistema prisional não é utopia. É prática. E que práticas, quando reconhecidas, viram legados.
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