Bandes: expansão de crédito leva a lucro histórico Em prestação de contas, diretor-presidente do banco de desenvolvimento descreveu importância de mudança na estratégia para aumentar geração de emprego e lucratividade
Em prestação de contas à Comissão de Finanças (Ales), nesta segunda-feira (27), o diretor-presidente do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), Marcelo Barbosa Saintive, apresentou o lucro histórico da instituição financeira em 2023 no valor de R$ 76 milhões. Apesar de reconhecer a boa performance, lembrou os meios que permitiram à entidade atingir o feito.
“Isso é importante. Mas, para mim, o que importa, é o banco voltar a fazer investimento em capital fixo, gerar empregos, é isso que é a função de um banco de desenvolvimento”, reforçou. Conforme explicou, o Bandes mudou a estratégia de atuação ao focar na expansão da carteira de crédito e redução na concessão de capital de giro.
“Passada a crise pandêmica a gente voltou a fazer a função original de empréstimo para investimento”, contou ele ao citar o gráfico de crescimento de 110% na evolução dos contratos de investimento: que saltaram de R$ 24 milhões em 2022 para R$ 237 milhões em 2023. Segundo Saintive, a iniciativa ajuda na geração de emprego, além de contribuir para a lucratividade.
A redução na inadimplência é outro fator positivo salientado pelo diretor. Em uma série histórica, que começa em 2013 com 2%, o índice registrado em 2023 tem o recorde de menor taxa: 1,80%. Os indicadores, considerou, estão abaixo da média quando comparados com dados fornecidos pelo Banco Central e pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Diversificação de carteiras
Saintive analisou a diversificação de carteira pela qual o Bandes tem passado desde 2015. “A gente percebe que os setores agropecuário, de comércio e serviço estão muito próximos na carteira. Então a gente está mais equilibrado, permitindo assim fazer uma estratégia de carteira de crédito mais condizente e não concentrando o risco em um único setor”.
No gráfico mostrado, agropecuária, comércio e serviço têm, nessa ordem, 32%, 8% e 29% da fatia da “pizza”. Os segmentos industrial e de municípios completam os números com 26% e 4%, respectivamente.
No quesito público-alvo, o convidado revelou foco nas médias empresas, devido às dificuldades de financiamento a longo prazo, mas frisou que o banco não deixa de atender outras de diferentes portes. O crédito para as médias empresas subiu de 51%, em 2022, para 65% em 2023. As micro, pequenas e grandes ficaram com 3%, 20% e 11% neste ano, respectivamente.
Interiorização
Uma das preocupações do Bandes, conforme defendeu Saintive, é aumentar a presença do banco nos municípios do interior, sobretudo nas regiões Metropolitana e Sul – haja vista a proeminência da Sudene sobre as cidades do norte capixaba. Um dos instrumentos utilizados é por meio do Programa ES Inteligente.
A medida permite que o Bandes assine um acordo de cooperação técnica com municípios interessados na implantação de Parcerias Público Privadas (PPPs). Até o momento, 24 prefeituras já aderiram à medida.
O Desenvolve ES, que visa o equilíbrio no desenvolvimento econômico entre as regiões norte e sul do ES, é outro pilar da interiorização. Foram 20 projetos aprovados junto a municípios sulistas a um valor de R$ 96 milhões para aquisição de máquinas e equipamentos, por exemplo.
Nesse sentido, o diretor-presidente adiantou uma parceria que será firmada entre o Bandes e o Sebrae para levar o crédito para o interior do estado com o objetivo de atender às demandas das micro e pequenas empresas por meio do fortalecimento de correspondentes bancários.
O presidente do colegiado, Tyago Hoffmann (PSB), sugeriu que a diretoria da instituição estude a viabilidade de uma proposta que permita ao Fundo Soberano auxiliar no estímulo do desenvolvimento das potencialidades regionais. O deputado citou como exemplo a Região Noroeste, cuja economia é pautada na extração de rochas ornamentais, café e pimenta-do-reino, por exemplo.
“Se nós conseguíssemos pensar numa iniciativa que nós levássemos o Fundo Soberano para as regiões nós estaríamos de fato dando uma grande contribuição”, observou, pois muitos jovens que querem montar uma startup acabam migrando para a Grande Vitória.
Fortec
Ao citar o alinhamento da instituição financeira com o governo do Estado, Saintive ilustrou o esforço do banco em se adequar ao campo da responsabilidade ambiental. Ele lembrou a criação do Fundo de Fortalecimento da Economia Capixaba (Fortec), oriundo da fusão de outros três fundos, aprovado inclusive pelos deputados.
“Esse fundo foi muito importante na crise climática, que aconteceu nos municípios do sul no início do ano”, avaliou. O Fortec conta com R$ 60 milhões para auxiliar na recuperação econômica de municípios do sul do Espírito Santo acometidos pelas fortes chuvas de março deste ano.
“O fundo é voltado para o capital de giro porque nesse momento o que as empresas precisam é ter um recurso que possibilite até voltar a atividade econômica”, contou o convidado ao ser indagado pelo deputado Mazinho dos Anjos (PSDB) sobre a abrangência do fundo. São 12 meses de carência e 48 meses para pagamento do crédito.
A reunião teve a presença ainda dos deputados Coronel Weliton (PRD), João Coser (PT), Delegado Danilo Bahiense (PL) e Engenheiro José Esmeraldo (PDT) – estes dois participaram de maneira virtual.
Deixe um comentário