Maracujá é foco do “Dia de Campo” no noroeste Etapa de capacitação levou a produtores rurais orientações sobre manejo do fruto em São Domingos do Norte
Para que mais produtores rurais da agricultura familiar diversifiquem suas culturas, uma nova capacitação do Projeto Arranjos Produtivos foi oferecida, nesta sexta-feira (9), pela Casa dos Municípios da Assembleia Legislativa (Ales). Desta vez, sobre o manejo do maracujá, desde o plantio até a pós-colheita. O local escolhido para a atividade foi uma lavoura em Córrego Alegre, distrito de São Domingos do Norte, Região Noroeste do Espírito Santo.
O propósito é aproveitar a roça para fazer consórcio entre cafés e outras variedades, como cacau, laranja, limão, abacaxi e maracujá. O produtor rural Emerson Pedro Chagas decidiu plantar maracujás durante a pandemia. “Isso agregou valor à minha propriedade, aumentou a minha renda e estou bem satisfeito”, conta.
Emerson começou com 1.700 pés, mas depois, por falta de mão de obra externa, diminuiu para cerca de 500 pés – quantidade cultivada pela própria família. A dificuldade se deu porque o maracujazeiro tem uma especificidade para florescer: além da polinização natural feita pela abelha mamangava, é preciso realizar polinização manual, já que para o fruto do maracujá crescer tem que acontecer uma polinização cruzada entre suas flores. “A gente passa os dedos na flor aberta, para pegar o pólen das anteras, e levar pra outra flor. Esse processo precisa ser feito em toda a plantação, todo dia, durante a floração”, explica Emerson, que também é técnico agrícola.
Maracujá no ES
Nos últimos anos, a produção de maracujá no Espírito Santo entrou em declínio. De acordo com informações do Anuário do Agronegócio Capixaba 2023, foram 650 hectares de área colhida em 2022, contra 2.463 hectares em 2014.
Segundo Vinicius Nascimento, técnico do programa Arranjos Produtivos da Ales, são dois os principais motivos. “A falta de orientação e acompanhamento nas lavouras torna mais difícil o cultivo para o produtor. Outro grande problema são as pragas, como o fungo chamado Fusarium, que deixa a plantação doente”, explica Vinicius.
A prefeita de São Domingos do Norte, Ana Malacarne (PSB), destacou que a diversificação de cultivos é muito boa para os agricultores. “É mais um suporte que eles têm, porque aqui há muita plantação de café. E esses arranjos são maravilhosos para as nossas feiras, para a merenda escolar. Por exemplo, o maracujá nós utilizamos nos sucos para os alunos”, informa.
Arranjos produtivos
Para alavancar a cadeia de produção dessa e outras culturas, a Ales, por meio da Casa dos Municípios, desenvolve, junto com outros parceiros, o Projeto Arranjos Produtivos. A iniciativa conta com os seguintes parceiros: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai); Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O financiamento é do governo do Estado, por meio da Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo (Aderes).
A primeira etapa, realizada em 2023, teve como foco a parte teórica, por meio de seminários. A fase atual, batizada de “Dia de Campo”, está levando até os produtores rurais orientações sobre diferentes culturas, como a da uva, apresentada em Vargem Alta, e do cacau, em Nova Venécia. Nesta semana, técnicos também participaram de capacitação sobre as culturas do café e da mandioca. A próxima etapa consiste na entrega de mudas e o acompanhamento feito pelos técnicos do projeto.
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