Cultura debate situação do centro de Vitória Para discutir revitalização da região, colegiado recebeu o historiador Wallace Bonicenha e a gerente de Memória e Patrimônio da Secult, Patrícia Bragatto
A restauração do centro de Vitória e o resgate da memória da capital capixaba foram pautas da Comissão de Cultura, que recebeu o historiador Wallace Bonicenha e a gerente de Memória e Patrimônio da Secretaria de Estado da Cultura, Patrícia Bragatto, na primeira reunião de uma agenda voltada para o assunto.
Durante o encontro, uma apresentação sobre o estado de conservação de prédios, monumentos e vias da região apontou a necessidade de trabalho conjunto que envolva poder público, iniciativa privada e sociedade civil. Segundo o historiador, além da má conservação dos espaços, há a retirada de elementos culturais, como a destruição de símbolos de religiões de matrizes africanas. Para Bonicenha, a reestruturação e a revitalização da área possibilitariam a oferta de inúmeros roteiros para moradores e turistas.
“Arte pelas ruas, diferentes formatos de arquiteturas, as escadarias, que são as marcas de nossa cidade, praças, espaços de convivência, igrejas coloniais, patrimônio histórico nacional, e que infelizmente não são contempladas nos editais, porque estão dentro de um sítio estadual (…). O quanto tem sido retirado e destruído a cultura da umbanda no centro de Vitória. O mercado, esta dimensão da história da economia (…).O patrimônio imaterial, a escola de samba (…)”, enumerou Bonicenha.
A gerente Patrícia Bragatto falou sobre o que tem sido feito pelo governo do Estado. Segundo ela, é importante a participação do município de Vitória no processo, já que muitas questões extrapolam a competência do Estado. “A gente tem tentado ampliar as nossas formas de transferências de recursos. O convênio, ele é feito com o município e em imóvel público e muita coisa acaba ficando de fora por causa disso”, explicou.
“Em relação aos editais do patrimônio arquitetônico, a gente foca nos sítios tombados pelo Estado. Ano passado a gente abriu um programa, abrimos o fundo a fundo de transferências de recursos para o patrimônio material, disponibilizamos R$30 milhões para que os municípios inscrevessem projetos para patrimônios tombados”, informou a gestora.
Os deputados reconheceram a importância de uma agenda voltada para a revitalização do centro de Vitória, considerando o potencial turístico e comercial da região. “O abandono que tá (…) nós temos um teatro como o Carlos Gomes, que é uma réplica do Alla Scala, em Milão. A gente vê sujo, o teatro parece que está sendo reformado por dentro, mas a gente vê prédios históricos que em outras cidades são cartões postais e aqui, realmente, parece que o centro de Vitória virou aqueles subúrbios abandonados”, disse Sergio Meneguelli (Republicanos),
Segundo o deputado Gandini (Cidadania), promover a visitação ao centro da cidade é garantir a sobrevivência da cultura e memória da capital. “Sempre falamos ou ouvimos falar de revitalização, mas pouco se leva as pessoas ao centro. Fazemos o processo ao contrário: primeiro revitalizamos para ser abandonado de novo. As pessoas precisam conhecer e se apropriar do centro, a partir daí acontece a revitalização. É necessário um projeto para que a próxima geração conheça a nossa história. Não é só restaurar; tem que resgatar a memória também”, defendeu o parlamentar.
Para a presidente da Comissão de Cultura, Iriny Lopes (PT), falta diálogo entre os Poderes. Ela afirma que a situação do centro de Vitória é uma agenda do colegiado, que deve chamar governos estadual e municipal, empresas e sociedade civil para um levantamento de possibilidades a serem trabalhadas para o resgate da região. “Os governos devem dar continuidade ao que é bom, não importa quem tenha começado. Os Poderes devem conversar entre si, devem trabalhar unidos, por isso, vamos conversar com prefeitura e Estado para que isso seja realizado”, afirmou a presidente.
Solene e audiência pública
Na oportunidade, os parlamentares também deram sinal verde para a realização de dois eventos, propostos por Iriny. O primeiro será a audiência pública sobre o ritmo hip hop, a ser realizada no dia 16 de junho, às 18h30, no Plenário Dirceu Cardoso.
Também foi aprovada sessão solene em homenagem ao Dia da Cultura (3 de novembro). A data será celebrada em 30 de outubro, às 18h30, também no Dirceu Cardoso.
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