Ano novo, vida velha

Sei que o título desta reflexão descarrilha do surrado e clássico bordão de réveillon, “ano novo, vida nova”. Tá certo que, a cada novo ano, há novos sonhos, novos objetivos, novos momentos na vida. Ter filhos. Fazer uma dieta. Ter mais tempo para praticar esportes. Fazer uma grande viagem Começar a faculdade. Porém, será que a simples troca de calendário tem a mágica de criar algo novo no coração, já cansado e marcado pelas aflições da vida?

 

Os mais curtidos na vida sabem que, geralmente, as promessas de início de ano afogam-se nas rotinas. A velha vida arrasta-se pelo calendário novo, com suas culpas, ansiedades e crises. Não há como deixar as dores e perdas restritas à um calendário. Atritos e culpas não resolvidas irão aflorar também no novo ano. Saudade de quem já se foi não obedece às agendas. A cada novo réveillon, aflora a falta de quem partiu para a vida eterna. Há anos. Décadas. Mesmo que pareçam distantes, cronologicamente, sua saudade é tão perto. A ponto de senti-la a cada novo ano.

 

Assim, mergulhamos em um novo ano. Com a vida velha. As mesmas fraquezas de sempre. Os mesmos acessos de raiva. As mesmas desculpas. As recontadas mentiras. A hipocrisia requentada. Enfim, pecadores. Eu. Você. Nós. E às vezes ainda caímos na balela de que um novo ano será capaz de restaurar relacionamentos e que trará paz para nossas ansiedades. Doce ilusão.

 

Nesta ânsia por uma nova vida, nos deparamos com um versículo bíblico que nos apresenta a única fonte de transformação. A segunda carta aos Coríntios, capítulo 5, versículo 17 diz: “Quem está unido com Cristo é uma nova pessoa; acabou-se o que era velho, e já chegou o que é novo”. Cristo. Ele é a fonte daquilo que é novo. Ele é o gerador daquilo que não há em nós. O perdão. A plena paz. A salvação. O recomeço. Novas histórias. A libertação dos vícios.

 

Esta nova vida se dá pela união com Cristo. Não pelos méritos ou intensidade da união em si, mas pelos méritos do próprio Cristo. Sua vida, divina e santa, foi o pagamento para restaurar a queda em pecado. Sua ressurreição foi o início da restauração completa de toda a criação, fora apenas o primeiro a ser ressuscitado. Nova vida há em Jesus. Todo o que nele crer, já está nesta novidade de vida. Começa aqui. Será plena no novo céu e nova terra

 

Então fica a dica: ano novo, a mesma vida velha de sempre. Porém, há um libertador. Que oferece algo novo. Uma vida nova. Que em 2023 tenhamos por prioridade ouvir a Palavra de Jesus, estar na Casa do Senhor. Em Cristo, ano novo. Em Cristo, vida nova.

 

 

 

Pastor Bruno Serves

Congregação Evangélica Luterana Cristo (IELB)

Candelária-RS

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