Solene homenageia produtores e empresários do setor cafeeiro
A cafeicultura capixaba esteve em evidência na noite desta terça-feira (24) durante sessão solene no Plenário Dirceu Cardoso em homenagem à cadeia produtiva do café no estado.
Veja as fotos dos homenageados
Produtores e empresários do setor receberam a Comenda do Mérito Legislativo Dário Martinelli, instituída pela Resolução 5.291/2018, destinada ao reconhecimento dos que lutam pelo desenvolvimento do ES por meio do cultivo do café.
Ao destacar o peso do segmento na economia espírito-santense, a proponente do evento, deputada Raquel Lessa (PP), citou dados da Junta Comercial segundo os quais mais de 66 mil empresas comercializam café no estado. Dados do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV) apontam que há na área rural mais de 82 mil propriedades envolvidas na cadeia do produto.
Raquel enfatizou ainda que conforme o Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o Espírito Santo é o segundo maior produtor de café do país e o primeiro no gênero do conilon. Segundo ela, em 2021 o estado exportou 4,5 milhões de sacas – 3,1 milhões de conilon e 1,02 milhão de arábica.
Os 10 países que mais importam o produto são: México, EUA, Indonésia, Turquia, Alemanha, Espanha, Colômbia, Argentina, Argélia e Rússia. A atividade emprega cerca de 350 mil pessoas, boa parte vinda de outros estados para atuar de forma sazonal nos períodos de colheitas.
“Esse é o resultado do esforço árduo de famílias inteiras, agricultores que trabalham desde o plantio até a comercialização. Por isso estamos aqui para homenagear os profissionais de toda essa cadeia produtiva do café”, destacou a parlamentar.
Guerreiros
O cafeicultor Giucelio Valeriano foi um dos homenageados. Ele se deslocou do município de Pancas, na região noroeste, a 180 quilômetros da capital, para participar da cerimônia e receber a comenda Dário Martinelli. “Para mim é uma honra porque conheci o Dário e sei o quanto é significativo o legado dele para a agricultura do nosso estado, em especial a cafeicultura”, comentou.
O deputado Marcos Garcia (PP) disse que conhece o tamanho da cadeia produtiva do café porque também atua no setor. “Os cafeicultores enfrentam diversas dificuldades. Em 2013 tivemos enchentes na zona rural do estado e nos anos seguintes, de 2014 a 2016, veio uma seca muito forte, causando muitos prejuízos”, lembrou Garcia.
O parlamentar considerou os produtores de café como “guerreiros” ao citar que em decorrência dos eventos climáticos e da falta de apoio na área política muitos tiveram que vender partes das propriedades para quitar dívidas de financiamento.
A prefeita de São Domingos do Norte, Ana Malacarne, salientou que receber a comenda com o nome de Dário Martinelli enobrece todo o setor rural. A gestora revelou que até hoje continua ajudando a secar café nos finais de semana na propriedade da família. “Meu marido não sabe costurar saco de café, quem costura sou eu. Isso para mim é motivo de muito orgulho, pois há muito amor envolvido com o café”, explicou.
O cafeicultor Romualdo Antônio Gaigher Milanese, de Boa Esperança, localizada a 285 quilômetros de Vitória, no noroeste capixaba, foi convidado para falar em nome dos homenageados. Ele afirmou que se sentia honrado em receber a comenda e que por causa do “peso” da honraria devido ao legado de Dário Martinelli estava se sentido mais comprometido ainda com a cadeia do café.
Cafeicultor e político
Dário Martinelli, considerado o pai do conilon no Espírito Santo, além de cafeicultor era também político. Começou a trajetória como vereador em São Gabriel da Palha na década de 1960, tendo exercido o cargo de prefeito por dois mandatos.
Natural de Santa Teresa, quando assumiu a prefeitura de São Gabriel da Palha, na década de 70, a cafeicultura capixaba vivia os impactos provocados pelo Programa de Erradicação do Café, que resultou em êxodo rural no município.
Preocupado com a situação, e na busca de socorrer São Gabriel da Palha, quase sem receita, Martinelli encontrou algo que funcionou como trunfo: uma plantação de café na região, que havia resistido ao processo de erradicação. Tratava-se de uma espécie ainda desconhecida na época, o conilon, que sobreviveu pelo fato de ser resistente à ferrugem – doença que ataca a planta.
“Martinelli adquiriu sementes desta lavoura remanescente e formou, em São Gabriel, com a ajuda de técnicos, o primeiro viveiro de mudas do conilon”, relatou a deputada Raquel Lessa. Segundo a parlamentar, Dário incentivou o plantio da nova espécie distribuindo mudas para os cafeicultores da região de São Gabriel da Palha.
“O cultivo do conilon trouxe esperança para os produtores do noroeste e do norte do estado, que encontraram nesse cultivo a tábua de salvação para a permanência no campo”, concluiu a deputada.
Homenageados
Altair Ferreira da Fonseca (São Gabriel da Palha)
Anacleto Dadalto (Rio Bananal)
Bruno Pinheiro Faustino
Dirceu Henke (Colatina)
Djalmir Mussucatti (São Gabriel da Palha)
Elder Sossai de Lima (Jaguaré)
Evandro Vermelho Nino (Marilândia)
Giucelio Valeriano
Hélio Wagner
Ivão Sartori (São Gabriel da Palha)
Jair Castelan Filho (Marilândia)
Jocelina da Penha Araújo Cuquetto (São Mateus)
Jonathan Rondelli (São Gabriel da Palha)
José Antônio Gusmão (Rio Bananal)
Levino Carlos Pinaffo (São Gabriel da Palha)
Luciano Martins (Jaguaré)
Luiz Carlos Bastianello (São Gabriel da Palha)
Luzia Castellan Busato Martinelli (São Gabriel da Palha)
Maiky Plotegher Prando (Governador Lindenberg)
Marcelo Marquete
Maurílio Finco (Colatina)
Nailza Vilela André
Nodir Batista de Mello Colombo (São Gabriel da Palha)
Renato de Assis Colombi Almeida (vice-prefeito de São Gabriel da Palha)
Romário Medeiros da Silva (São Gabriel da Palha)
Romualdo Antônio Gaigher Milanese (Boa Esperança)
Sergio Astori (Jaguaré)
Tadeu Mantovanelli
Vanderlei Bayer (São Gabriel da Palha)
Venício Alves de Oliveira (São Domingos do Norte)
Deixe um comentário