A doçura da páscoa
Eis que mais uma Páscoa bate à nossa porta. E, com ela, ganhamos um pacote completo. Coelhinhos, ninhos, chocolates, pão e peixe na sexta-feira santa. Tudo de novo. Como se fosse um mero ritual vazio em si mesmo. De um hábito. Algo apenas cultural. Cheio de penduricalhos que, às vezes, parecem ofuscar o conteúdo principal.
Não é errado, por si só, comer peixe na Sexta-Feira Santa, acompanhado de um bom vinho. Não é errado levar as crianças para se aventurarem no colo do coelhinho que distribui seus bombons. O erro não está no fazer uma cestinha cheia de guloseimas e chocolates para oferecer às pessoas que você ama. Não é errado suspirar com as pegadas brancas do coelho que, espalhadas pela casa, conduzem a criançada ao ninho escondido. O erro pode estar no fazer de todos estes penduricalhos o conteúdo principal da páscoa. É tornar a páscoa apenas mais um feriadão, apenas uma época de se comer peixe, apenas um dia para se fartar comendo chocolate sem culpas. Ter uma páscoa assim é ter uma páscoa vazia. É encantar-se apenas com o embrulho colorido e se esquecer do conteúdo principal.
Páscoa é Jesus. A páscoa cristã, completa, em seu sentido pleno, nos faz olhar para a cruz. E, nela, vermos o tamanho da nossa culpa. Deus sacrificou seu Filho. O sangue de um inocente foi derramado. Por nós, em nosso lugar. Mas a páscoa não termina na cruz, mas sim, no túmulo vazio. Jesus ressuscitou! Vivo está! A Páscoa escancara aos nossos olhos o plano perfeito da salvação, da redenção da criação caída em pecado. A páscoa é Jesus!
Há um detalhe interessante em tudo isto. Detalhe tão doce quanto o melhor chocolate de páscoa. São as coincidências entre o natal e a páscoa. Quando o anjo Gabriel falou com Maria, anunciando sua gravidez milagrosa, ele disse: “Não tenha medo” (Lucas 1.30). Quando o anjo do Senhor avisou José sobre o nascimento de Jesus, ele disse: “Não tenha medo” (Mateus 1.20). Quando, no primeiro domingo de Páscoa, o anjo apareceu para as mulheres que estavam diante do túmulo vazio de Jesus, ele disse: “Não tenham medo” (Mateus 28.5). Quando o próprio Jesus, ressuscitado e vivo, apareceu para as mesmas mulheres ele disse: “Não tenham medo” (Mateus 28.10).
Que doce frase, não é mesmo? Não tenham medo. A páscoa cristã adoça os amargores da vida. Não com uma mensagem de auto-ajuda ou simpatias. Não! Somos adoçados com o perfeito amor, o perfeito perdão, a perfeita paz que vem do Senhor Deus. Isto sim, acalma nossos medos, angústias, ansiedades e sofrimentos. O perdão de Jesus traz paz ao coração pecador.
Não tenham medo. Como precisamos ouvir isto, não é mesmo? Graças a Deus, voltamos a celebrar uma páscoa sem máscara e sem restrições sociais. Mas, mesmo que a máscara tenha caído, as sequelas de uma pandemia continuam. Especialmente, as emocionais. Nos últimos dois anos multiplicaram-se os casos de ansiedades, depressões e o consumo de ansiolíticos. E, também para estes medos da alma, a páscoa cristã fala carinhosamente aos corações machucados pela pandemia: não tenham medo!
Então fica a dica: a páscoa é sobre Jesus. Ele é o conteúdo central. O resto, é só penduricalhos e uma mera embalagem. A páscoa verdadeira nos traz perdão, salvação e vida eterna. Com o coração adoçado pela graça de Deus, podemos ouvir mais uma vez uma das frases o Senhor mais repete à humanidade: não tenham medo. Uma feliz páscoa de Jesus para você!
Pastor Bruno Serves
Congregação Evangélica Luterana Cristo (IELB)
Candelária-RS
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