Espírito Santo tem 26 urologistas na rede pública
Número reduzido de profissionais no Sistema Único de Saúde dificulta acesso a consultas e exames de prevenção do câncer de próstata
De acordo com o levantamento Demografia Médica no Brasil 2020, da Universidade de São Paulo (USP) e do Conselho Federal de Medicina (CFM), o Espírito Santo conta com 129 urologistas. Entretanto, apenas 26 deles atendem no Sistema Único de Saúde (SUS), conforme aponta a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Ainda segundo a pesquisa, o estado tem uma média de 3,39 especialistas para cada 100 mil habitantes.
A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) informa que não há consenso sobre o número ideal de urologistas por habitantes. Também há carência de publicações recentes sobre o tema. O estudo mais atual – Os Urologistas no Brasil: uma Análise do Perfil Socioprofissional, da Distribuição Populacional e da Necessidade de Formação de Novos Especialistas – é de 2001 e indica um ideal de 30 a 40 profissionais a cada 100 mil habitantes. Conforme a última estimativa populacional do IBGE, o Espírito Santo possui 4.108.508 habitantes. Assim, segundo o estudo nacional, seriam necessários pelo menos 1.232 urologistas no estado.
A falta de profissionais gera dificuldade em conseguir consultas. Segundo o urologista e presidente da Associação de Urologistas do Espírito Santo (Aues), Alexandre Tironi, o machismo apontado como fator determinante de resistência ao exame de toque retal, fundamental para a detecção do câncer de próstata, não é mais o principal empecilho ao diagnóstico precoce. “Noto que o preconceito a esse exame está diminuindo. O problema maior hoje é o gargalo no Sistema Único de Saúde (SUS). Há dificuldade de acesso a urologistas. Os homens tendem a ser menos obstinados quanto aos cuidados com a saúde, diferente das mulheres. Se eles tentam uma consulta e não conseguem, acabam desistindo”, observa Tironi.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), tumores na próstata são o segundo tipo mais comum em homens, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. O instituto estima 65.840 novos casos da doença para cada ano do triênio 2020/2022. Diagnosticado precocemente, há 90% de chance de cura.
PSA não substitui exame de toque
Inicialmente assintomático, o câncer que se manifesta na glândula do sistema reprodutor masculino é diagnosticado por três exames: Antígeno Prostático Específico, o PSA (exame de sangue); exame de toque retal; e biópsia.
Alguns homens não fazem exame de toque por acreditarem que apenas o PSA é suficiente para detectar a doença. “O PSA alterado levanta suspeitas. Entretanto, alguns tumores mais agressivos tendem a não alterar o PSA no começo. Por isso, o exame de sangue não substitui o exame de toque”, alerta Tironi.
O câncer de próstata costuma dar sinais apenas quando está mais avançado. Micção frequente (especialmente noturna) e dor ao urinar são sintomas comuns.
Prevenção e tratamento
Os exames de rastreio devem ser iniciados a partir dos 50 anos. Entretanto, Alexandre Tironi explica que há casos em que devem ser feitos mais cedo. “Negros (que têm tendência a apresentarem tumores mais agressivos) e pessoas com casos de câncer de próstata na família, devem começar o rastreamento a partir dos 45 anos”, destaca.
Há fatores de risco além da cor da pele e casos da doença na família aos quais os homens devem ficar atentos.
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